Desde nossa infância ouvíamos coisas a respeito da grandiosidade que o futuro nos reservava. Promessas sobre a tecnologia, a paz mundial e o fim dos trabalhos insalubres. Tudo que nos prometiam era carregado de uma aura romântica sobre o sofrimento e, perceptivelmente, todas as previsões estavam catastroficamente equivocadas.
No campo da tecnologia desejamos coisas que ainda não se materializaram. E talvez nem irão. Mas outras inimagináveis surgiram com a realidade que dita a vida de todos os seres humanos. Smartphones, computadores, “inteligências”… tudo pra proporcionar algo que ninguém previu: um oceano de ansiedades, fobias e desespero.
No meio deste caos todo, a espiritualidade tem recebido uma atenção especial nas últimas décadas. As próprias ciências humanas já a receitam mesmo que não a compreendam ou creiam. E a base de toda espiritualidade está em um lugar parecido, que é mudar o foco de sua percepção da própria vida.
As Escrituras, como Palavra santa e perfeita de Deus, foca exatamente na relação de indivíduos com um Deus que os torna responsáveis na coletividade. Com raras exceções, a maioria de nós não tem em sua jornada coisas extraordinárias no campo das obras. E ainda que tivéssemos, há um perigo imenso de que venhamos a confundir nossa capacidade de empreender, supostamente em favor de causas nobres, com a natureza de sermos pessoas que carecem de salvação do mesmo jeito.
O desvio que o “mundo” tem gerado em nossa percepção de uma verdadeira espiritualidade acontece quando não percebemos a importância das pequenas coisas ordinárias que compõe a vida. O que realmente muda o mundo não são os grandes ajuntamentos, as conferências, os púlpitos com milhares de pessoas… nem mesmo nas multidões onde o próprio Senhor alimentou milhares de maneira milagrosa. Não. Nada disso! O que mudou o mundo foram refeições singelas, amizades ao redor do alimento, confronto fraternal que não ocorre num mundo onde a construção de sua reputação se dá através de redes sociais. Nem importa o alimento que é ingerido, contanto que o que seja partilhado for O PÃO DA VIDA.
O Reino avança quando nós lutamos e perseveramos diante das tentações que parecem ser mais inofensivas ao cenário mundial. Jesus pavimenta suas estradas de dentro pra fora, não se importando com o que os olhos meramente humanos consideram ser o problema.
Cada oração, cada intercessão. Cada esforço em se reunir com alguém que pode receber a BOA NOTÍCIA de Deus, tudo isso sim é o que deixa lastro eterno. O resto é apenas roupa… é apenas ferramenta… apenas entulho que será completamente removido ao final.